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domingo, 26 de maio de 2013


Quais as chances de apostar no futuro para os infectados com hepatite C?


A empresa "BioTrends" especializada em consultoria de mercado na área farmacêutica alerta que a maioria dos médicos que tratam a hepatite C estão criando uma espécie de "deposito de infectados" aguardando a próxima geração de tratamentos livres de interferon. 

Na pesquisa realizada com médicos dos Estados Unidos 60% responderam que estão recomendando a seus pacientes para aguardar por novos medicamentos livres de interferon para iniciar o tratamento, um número consideravelmente maior que o levantamento realizado seis meses antes, quando somente 6% dos médicos informavam estar realizando tal recomendação. 

Quando perguntados se estão satisfeitos com as opções de tratamento disponíveis atualmente, 80% responderam não e somente 20% sim, ressaltando a grande necessidade de encontrar alternativas para encontrar opções as necessidades que hoje não são atendidas com os atuais medicamentos. 

Quando perguntados com quais dos novos medicamentos já se encontravam mais familiarizados, o sofosbuvir da Gilead e o medivir da Janssen foram as principais respostas, seguido de perto pelo daclatasvir e o asunaprevir, ambos da Bristol-Myers Squibb. 

O estudo "TreatmentTrends®: Hepatitis C Virus (US), Wave 1" realizado a cada 2 anos, também constata que pela primeira vez os médicos pesquisados estão esperando tratar até 3% de pacientes infectados com os genótipos 1, 2 e 3 nos próximos seis meses utilizando medicamentos ainda não disponíveis, isto é, em ensaios clínicos e protocolos de pesquisa. 

MEU COMENTÁRIO 

Todos gostam de apostar em um futuro melhor, seja acertando na loteria ou acertando em algum medicamento que restabeleça nossa saúde, mas sempre é prudente considerar que em ambos os casos se trata de uma aposta e, que como tal podemos ganhar ou perder. 

Por favor, não interpretem o paragrafo anterior como uma posição pessimista de minha parte, pois tal qual o nome que demos ao grupo de apoio somos 100% otimistas, mas uma aposta quando referente a saúde pessoal deve ser criteriosamente estudada e avaliada. 

O médico pode informar na consulta que novos medicamentos estarão chegando, muitos livres do interferon. A informação está correta, sendo 100% acertada, o médico está falando a verdade para o paciente. Ninguém duvida que em um futuro próximo teremos opções de novos medicamentos, mas ainda ninguém pode assegurar se tais medicamentos servirão para todos os infectados ou qual será o preço desses medicamentos, pois se o custo for excessivamente elevado, coisa que eu acredito que assim seja, o seu uso ficará limitado a pacientes com alto poder aquisitivo. 

Então, o médico durante a consulta informa o panorama futuro, cabendo ao paciente, somente ao paciente, decidir se faz a aposta de aguardar o sorteio para saber se será incluído nesses novos tratamentos ou, se tenta a sorte apostando no tratamento atual, onde as chances são menores, mas são relativamente boas. 

O paciente deve decidir pelo seu caso pessoal, não pela tendência geral. Não encontro resposta para saber qual a possibilidade de alguém com cirrose ou uma fibrose muito avançada, quase uma pré cirrose, que decida aguardar, terá certeza que quando da chegada dos novos medicamentos a seu país e introduzidos no sistema público de saúde, ainda estará vivo ou em, condições de receber os novos medicamentos. 

Eu tentei nas minhas seis décadas de vida ganhar na loteria e nunca acertei, mas em 1995, nos primórdios do tratamento da hepatite C, com chances entre 7% e 10% de cura apostei no tratamento, apostei num tratamento de 21 meses com interferon três vezes por semana e ribavirina, acabei ganhando o primeiro prêmio, o da cura e, portanto, estou ainda vivo e incomodando muita gente até hoje. Se tivesse deixado para tratar na esperança da chegada do interferon peguilado, do qual naquela época já se falava nas pesquisas, muito provavelmente não teria chegado vivo. 

Quando não compramos um bilhete de loteria temos a certeza de pelo menos não perder o dinheiro se o número não for premiado, em certa forma ao deixar de gastar estamos ganhando alguma coisa, mas quando não apostamos na possibilidade de um tratamento que pode, ou não, dar resultado, estaremos sempre entre os perdedores. 

A experiência mostra que a terapia tripla pode ter mil efeitos colaterais e adversos, mas por outro lado o estudo CUPIC mostra que 40% dos pacientes mais difíceis de responder, isto é, os cirróticos nulos de resposta a um tratamento anterior com interferon peguilado conseguem a cura quando tratados com telaprevir ou boceprevir. Dados finais do estudo PROVIDE apresentados no DDW 2013 mostram 93% de cura em pacientes recidivantes a um tratamento anterior quando retratados com boceprevir. E o telaprevir em retratamento de pacientes transplantados de fígado obteve 65% de cura conforme resultados preliminares da RVS da semana 4 após o tratamento, dados apresentados no EASL 2013. 

Em fim, a decisão sempre deve ser do próprio paciente, escutando o conselho do médico e discutindo com ele a situação individual de cada caso. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Con informaciones, en la primera parte de la materia, del Grupo de Pesquisa BioTrends - http://bio-trends.com/Products-and-Services/Report?r=trtrid1113 


Carlos Varaldo
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Possibilidade de cura semelhante entre pacientes em tratamento pela primeira vez e pacientes em retratamento utilizando boceprevir


Dados apresentados no EASL 21013 de uma analise retrospectiva de resultados randomizados dos ensaios clínicos na fase 3 controlados por placebo e duplo cego, ensaios SPRINT-2 e RESPOND-2 nos quais os pacientes receberam nas quatro primeiras semanas tratamento com interferon peguilado e ribavirina e a partir da semana cinco foi introduzida a terapia tripla incluindo o boceprevir, mostra que praticamente não existem diferenças na possibilidade de cura entre os pacientes que recebem tratamento antiviral pela primeira vez e os pacientes que tendo fracassado a um tratamento com interferon peguilado realizam o retratamento. 

A cura (resposta sustentada 24 semanas após o final do tratamento) quando o tratamento foi guiado pela resposta terapêutica foi conseguida por 63% dos pacientes recebendo tratamento antiviral pela primeira vez e por 69% dos pacientes em retratamento que foram recidivantes ao tratamento com interferon peguilado. 

No grupo de pacientes que receberam quatro semanas de interferon peguilado e ribavirina e a partir da semana cinco e até completar 48 semanas em terapia tripla com boceprevir, 66% dos que recebem tratamento pela primeira vez resultaram curados e entre os recidivantes a um tratamento anterior a cura foi de 75%. 

Concluem os pesquisadores que os dois regimes de tratamento com boceprevir, seja o guiado pela resposta terapêutica ou o regime direto, são eficazes, alcançando taxas semelhantes entre os pacientes que recebem tratamento pela primeira vez como entre os recidivantes de um tratamento anterior. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base na seguinte fonte:
VIROLOGIC RESPONSE RATES ARE SIMILAR IN PREVIOUSLY UNTREATED AND PREVIOUSLY TREATED AND RELAPSED PATIENTS RECEIVING BOCEPREVIR TRIPLE THERAPY: A RETROSPECTIVE ANALYSIS - B.R. Bacon, F. Poordad, J.-P. Bronowicki, R. Esteban, S. Thompson, F. Helmond - Abstract 791 - EASL 2013 


Carlos Varaldo
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Telaprevir é seguro e efetivo no tratamento de co-infectados HIV/HCV


Com o objetivo de avaliar a segurança e eficácia do tratamento com telaprevir, interferon peguilado e ribavirina em co-infectados com AIDS e hepatite C e avaliar as interações medicamentosas e farmacocinética do telaprevir com os medicamentos anti-retrovirais durante a co-administração foram publicados os resultados de um ensaio de fase 2-a randomizado, duplo-cego, placebo-controlado (ClinicalTrials.gov: NCT00983853). 

A pesquisa foi realizada em 16 centros internacionais incluindo 62 pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C e co-infectados com HIV-1 que nunca antes receberam qualquer tratamento antiviral para hepatite C, todos eles em terapia anti-retroviral. 

Aleatoriamente divididos em dois grupos um dos grupos recebeu terapia com telaprevir, interferon peguilado e ribavirina durante as primeiras 12 semanas e continuou com interferon peguilado e ribavirina até completar 48 semanas de tratamento. Um segundo grupo recebeu placebo no lugar de telaprevir, realizando assim um tratamento de 48 semanas somente com interferon peguilado e ribavirina. 

Efeitos colaterais como prurido, dor de cabeça, náuseas, erupções cutâneas e tontura foram superiores durante as 12 semanas de utilização do telaprevir. Efeitos adversos graves aconteceram em 5% dos pacientes em tratamento com telaprevir. Resultados comparáveis estatisticamente quando do tratamento de pacientes monoinfectados com hepatite C. 

A cura da hepatite C (resposta sustentada seis meses após o final do tratamento) foi obtida por 74% dos pacientes tratados com telaprevir e por 45% dos pacientes tratados somente com interferon peguilado e ribavirina. 

Não foram observados aumentos da carga viral do HIV durante o tratamento com telaprevir e a exposição aos medicamentos anti-retrovirais não foi modificada substancialmente pela exposição ao telaprevir. 

Concluem os pesquisadores que em pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C e co-infectados com HIV-1 que recebem tratamento para hepatite C em terapia tripla com telaprevir os efeitos colaterais e adversos são semelhantes aos observados em pacientes monoinfectados com hepatite C em tratamento com telaprevir. 

MEU COMENTÁRIO 

Importante saber que a cura da hepatite C em co-infectados HIV/HCV foi semelhante às conseguidas no tratamento de pacientes monoinfectados com hepatite C. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Combination Therapy With Telaprevir for Chronic Hepatitis C Virus Genotype 1 Infection in Patients With HIV, A Randomized Trial - Mark S. Sulkowski, MD; Kenneth E. Sherman, MD, PhD; Douglas T. Dieterich, MD; Mohammad Bsharat, PhD; Lisa Mahnke, MD, PhD; Jurgen K. Rockstroh, MD; Shahin Gharakhanian, MD, DPH; Scott McCallister, MD; Joshua Henshaw, PhD; Pierre-Marie Girard, MD, PhD; Bambang Adiwijaya, PhD; Varun Garg, PhD; Raymond A. Rubin, MD; Nathalie Adda, MD; and Vincent Soriano, MD, Ph - Annals of Internal Medicine - Published online 17 May 2013. 


Carlos Varaldo
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Dificuldades para deslanchar o tratamento com boceprevir e telaprevir


O protocolo que regulamenta o emprego dos inibidores de proteases e a NOTA TÉCNICA CONJUNTA nº. 01/2013 - DDAHV/SVS/MS e DAF/SCTIE/MS que estabelece o Fluxo para dispensação dos inibidores da protease para tratamento da Hepatite Crônica C no SUS são realmente obras primas maravilhosas na sua intenção, mas a realidade existente na estrutura e carências dos hospitais do sistema público de saúde é bem diferente e conhecida por todos. 

Comprados o telaprevir e o boceprevir no final do ano passado pelo ministério da saúde a maioria dos estados ainda não começou a tratar os pacientes. Aplaudimos a intenção, a compra e a introdução, mas não podemos deixar de denunciar o esdruxulo fluxo e a estrutura existente nos estados e hospitais referenciados. 

Por enquanto os dois estados mais avançados no cumprimento das normas e que estão tratando pacientes com os inibidores de proteases, são Bahia e Paraná, devendo entrar nos próximos dias o Espirito Santo. 

Nos demais estados ou simplesmente ainda não existe tratamento ou somente um percentual muito pequeno dos tratamentos estimados está sendo possível de realizar. 

A promessa de realizar 5.600 tratamentos, realizando pelo menos a metade em 2013 não será possível de cumprir. É possível estimar que com muito esforço e sorte no máximo uns 1.000 tratamentos com os inibidores de proteases estarão iniciando antes do final do ano. 

Diversos problemas impedem cumprir as exigências para tratamento, seja desde a falta de farmácia de medicamentos especializados em cada hospital, a impossibilidade de manter estoque de eritropoetina e filgastrina (que deve ser adquirida pelos estados) em cada hospital reservada exclusivamente para um provável consumo de três meses para cada paciente, a não disponibilidade do sistema Horus para dispensação dos medicamentos, a falta de referencia de dermatologia atendendo nos mesmos dias e horários que o ambulatório de hepatites, ambulatórios incompletos no referente a composição da equipe multidisciplinar, etc. etc. 

Pior ainda, estamos constatando que em alguns estados os hospitais referenciados não oferecem nenhuma vaga para pacientes externos alegando que já estão totalmente lotados com os pacientes próprios. Isso resulta que nesses estados os pacientes de médicos particulares ou de unidades não referenciadas não poderão ser encaminhados aos hospitais referenciados, ficando então sem possibilidade de tratamento com os inibidores de proteases. 

O que se observa é que a realidade não corresponde com o quadro apresentado pelo ministro Padilha na última segunda-feira na Organização Mundial da Saúde: No Brasil, as ações de combate às hepatites virais são integradas às iniciativas antiaids desde 2009. Essa integração permitiu ao país utilizar o conhecimento acumulado para incrementar a resposta às hepatites virais. 

Esse e outros grandes avanços constam da divulgação do Departamento DST/AIDS/Hepatites que se encontra na integra emhttp://www.aids.gov.br/noticia/2013/brasil-e-anfitriao-de-reuniao-satelite-sobre-hepatites-virais-na-assembleia-mundial-de- 

Lamentavelmente o discurso oficial é diferente a realidade que vivenciamos no dia-a-dia no sofrimento dos pacientes por atendimento nas hepatites. 

Carlos Varaldo
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terça-feira, 21 de maio de 2013



Gaúcho de Passo Fundo

Dos onze jogadores, sobraram três


Por curiosidade abra a foto que se encontra emhttp://www.clicrbs.com.br/sites/swf/grafico_hepatiteC_esporte/index.html# 

Depois passe o mouse sobre os jogadores e veja os nomes e os destinos de cada um deles. Também saiba mais sobre a doença que assombrou e vitimou os ex-atletas do futebol gaúcho. 

Isso mostra a vergonha que é continua a ser o Brasil ainda não ter um programa estratégico para enfrentar a hepatite C, continuando a manter a epidemia escondida da população debaixo do cobertor da AIDS. 

Ministro Padilha, está na hora de acordar. Vamos parar de simples promessas que nunca se concretizam. 

Desculpe ser rude, mas compreenda que é impossível ficar sentado aguardando promessas e mais promessas, vendo que desde que a hepatite foi incorporada na AIDS o número de tratamentos na hepatite C continua o mesmo, paralisado em 11.500 a cada ano. Reconheça que foi uma medida que não deu resultado sendo necessário se fazer alguma coisa, ou daqui a pouco, tal qual aconteceu com o time de futebol todos estaremos mortos. 

Carlos Varaldo
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Segue a reportagem: 

Derrotados pelo Vírus


Jornal Zero Hora - Porto Alegre - 19/05/2013
Jones Lopes da Silva
 

Resta ao ex-lateral Luiz Carlos a foto envelhecida, de 1973, como lembrança dos companheiros do Gaúcho, de Passo Fundo, uma força do futebol do Interior nos anos 70. Dos 11 titulares, sobram três vivos: ele e os irmãos Luiz Freire e Zé Augusto. Com exceção do zagueirão Daizon Pontes, vítima de AVC, os outros sete morreram em consequência da hepatite C. O drama é um espelho dos pequenos e médios clubes que compartilhavam seringas para estimulantes injetáveis nos anos 1960, 1970 e 1980. 

Muita gente não se salvou. A razão desse drama criado nos vestiários dos clubes pequenos e médios dos anos 1970 são os estimulantes e energéticos aplicados na veia com a antiga seringa de vidro, compartilhada sem a esterilização adequada. Alguém que já estivesse infectado contagiava os colegas. Comum à época, a prática disseminou o vírus da hepatite C e as consequências mais funestas. 

Faltam dados sobre óbitos relacionados à hepatite C no futebol. E sobre o número de ex-atletas vivendo com o vírus. Se há no país entre 2 e 3 milhões de pessoas infectadas (apenas 150 mil diagnosticadas), estima-se, entre elas, dezenas de milhares de ex-profissionais e amadores contaminados. 

- Só não tratei de juiz até hoje - alerta o gastroenterologista e hepatologista Hugo Cheinker. 

O especialista já atendeu em sua clínica em Porto Alegre o equivalente a três a quatro times de futebol, incluindo gente com passagem pela Seleção. 

- Praticamente, quem faz o teste descobre ser portador da hepatite C - conta Cheinker. 

A rigor, quem jogou futebol profissional no largo período entre 1960 e 1980 integra o grupo de risco. Deve realizar o teste específico para hepatite C, o anti-HCV - não é o mesmo exame de sangue de colesterol e glicose no check-up rotineiro. O teste custa cerca de R$ 20 em laboratórios. 

Há uma resistência dos ex-jogadores em procurar ajuda. Preferem evitar a realidade em caso de positivo, embora quanto mais cedo o tratamento se inicia, mais segura é a recuperação. 

Contraída a hepatite aguda, o vírus começa a machucar o fígado e progride sem sintomas durante 20, 30, 40 anos, até provocar cirrose e câncer. Daí porque os contaminados dos anos 1970 ainda lidam com a enfermidade na segunda década dos anos 2000. São pessoas hoje em torno dos 60 anos. 

Um exemplo é Jurandir, ex-Grêmio, que anulou Paulo Roberto Falcão em um Gre-Nal em 1979. Ele foi fazer uma doação de sangue e, dias depois, recebeu uma carta informando sobre sua hepatite C. Ficou apavorado: 

- Àquela época, em 2006, achei que ia morrer. Diziam que esse vírus era como o da aids. 

Casado há 40 anos, Jurandir buscou tratamento. Um ano depois, havia zerado o vírus. Como o antigo jogador do Grêmio, entre 5 e 7 mil pessoas no país deverão ser diagnosticadas em 2013. É muito pouco. Se fosse anos atrás, sete testes a mais teriam salvado a vida do time do Gaúcho. 


Carlos Varaldo
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segunda-feira, 20 de maio de 2013

20/05/2013 


Alimentação - O perigo da frutose industrial utilizada em alimentos preparados


Infectados com hepatite possuem maior possibilidade de desenvolver o chamado distúrbio metabólico, provocando depósitos de gordura no fígado (esteatose) e o surgimento do diabetes tipo 2. Já foi demonstrado que alguns alimentos e, especialmente a frutose, são fatores de risco importantes que levam ao distúrbio metabólico e aceleram a progressão da fibrose. 

Pesquisadores observaram 147 pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C para determinar se qualquer frutose era prejudicial, para tal, alguns ingeriam frutas que contém frutose e outros pacientes alimentos adoçados com frutose industrial. Todos eram também controlados por biopsias hepáticas para avaliar o grau de esteatose. A esteatose era considerada grave se mais de 20% das células hepáticas estavam com gordura. 

Fatores antropométricos e metabólicos eram avaliados durante o estudo, como mudanças na circunferência da cintura, a relação entre o diâmetro do quadril e o diâmetro do dorso, o peso do paciente e o índice HOMA para medir a resistência a insulina. 

Os resultados mostram que os pacientes com fibrose grave (F3) apresentavam consumo significativamente maior de frutose industrial, ingerindo refrigerantes, os quais nos Estados Unidos e, em muitos países, são adoçados com frutose industrial por ser um adoçante mais barato que o açúcar. 

Também, a mesma analise encontrou que os pacientes que consumiam alimentos adoçados com frutose industrial apresentavam maior atividade necro inflamatória e esteatose grave. 

Entre os pacientes que ingeriam a mesma quantidade de frutose exclusivamente por meio do consumo de frutas não apresentavam os mesmos níveis elevados de atividade necro inflamatória ou esteatose. 

Concluem os autores que o consumo de alimentos adoçados com frutose industrial é um fator de risco para alterações metabólicas e gravidade da fibrose em pacientes infectados com a hepatite C. 

MEU COMENTÁRIO 

Cientistas usando testes mais recentes de Ressonância Magnética Funcional (fMRI) têm mostrado agora que a frutose industrial, um açúcar encontrado na maioria dos alimentos processados (geralmente na forma de xarope de milho de alta frutose), pode de fato acionar mudanças em seu cérebro que pode levar a excessos e ganho de peso. 

Os pesquisadores descobriram que quando você bebe uma bebida contendo frutose industrial, o cérebro não registra a sensação de estar saciado, como faz quando você consome glicose simples (açúcar). 

Depois de ingerir frutose industrial, 100% devem ser metabolizados pelo fígado, pois outras células do corpo não se alimentam de frutose, já com o açúcar somente 20% é metabolizado no fígado, isso porque cada célula do seu corpo, incluindo o cérebro, utiliza glicose. Portanto, muito do açúcar é "queimado" logo depois de consumi-lo. 

Os ácidos graxos produzidos durante o metabolismo da frutose industrial no fígado acumulam gotículas de gordura no fígado e músculos esqueléticos, causando resistência à insulina e doença hepática gordurosa não alcoólica. A resistência à insulina progride para a síndrome metabólica e diabetes tipo 2. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
INDUSTRIAL, BUT NOT FRUIT FRUCTOSE INTAKE IS INDEPENDENTLY ASSOCIATED WITH SEVERE LIVER FIBROSIS IN GENOTYPE 1 CHRONIC HEPATITIS C PATIENTS - S. Petta, V. Di Marco, F.S. Macaluso, C. Cammà, D. Cabibi, S. Ciminnisi, L. Caracausi, A. Craxì. - EASL 2013 - Abstract 486 


Carlos Varaldo
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sexta-feira, 17 de maio de 2013




Sobre o Evento...

O Hepatologia do Milênio é um evento de educação medica continuada anual que acontece em Salvador, Bahia – Brasil sempre no mês de Julho. Trata-se de um programa de imersão em hepatologia sempre contemplando um tema monotemático seguido de dois dias de intensa discussão do tratamento das hepatites Virais na vida real.

O modelo pedagógico do evento é de problematização. Existem mesas e conferencias com a participação de expertos de renome internacional seguida de discussão de casos clínicos e interativo com a participação de toda a plateia através de votação eletrônica.

O evento possui ainda outras modalidades de encontro informal interativo com os expertos internacionais.

Trata-se de um evento continental com participação de Hepatologistas, Infectologistas e Pediatras Brasileiros e Latino-Americanos que militam na área das Hepatites Virais. Colegas de outros países de língua portuguesa também comparecem com frequência a esse evento.

O Hepatologia do Milênio está consagrado no calendário da educação médica em hepatologia no Brasil e é um evento reconhecido pela Sociedade Brasileira de Hepatologia. Possui ainda apoio da Associação Latino Americana para o Estudo do Fígado (ALEH).
Mais informações sobre o evento, consulte a fonte:
Link abaixo.

quarta-feira, 15 de maio de 2013


Cristo Redentor ficará colorido para campanha de conscientização da hepatite C no dia 19 de maio


O Cristo Redentor no Rio de Janeiro ganhará iluminações coloridas durante o mês de maio. A Arquidiocese do Rio de Janeiro programou para o dia 19 deste mês a iluminação do monumento com 300 projetores do tipo LED para apoiar campanhas de prevenção à saúde. 

Por iniciativa do movimento social, tal qual conseguimos nos últimos dois anos, as cores amarela e vermelha que apoiam a Campanha de Prevenção da Hepatite C estarão iluminando o Cristo Redentor no dia 19 de maio. 

Veja o Cristo Redentor iluminado em 2012 em http://www.hepato.com/images/cristo-amarel-vermelho.jpg 

Carlos Varaldo
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segunda-feira, 6 de maio de 2013


O triste descaso do Ministério da Saúde com as hepatites


O teor da Nota Técnica 158/2013 de 18 de abril de 2013 comprova de forma definitiva que o Departamento DST/AIDS/Hepatites está pouco se importando com os infectados com as hepatites B e C.

Nos últimos anos os grupos de pacientes que defendem os infectados com hepatites denunciam repetidamente que concursos públicos exigem os testes das hepatites e não o da AIDS, até editais do próprio Ministério da Saúde incorrem nessa discriminação, mas o Departamento DST/AIDS/Hepatites nunca se interessou em discutir ou tentar solucionar tal problema. Nunca mexeu um dedo sequer.

A Nota Técnica agora emitida é resultado da denuncia de grupos de AIDS que relataram que estava sendo exigido o teste HIV para admissão, então, rapidamente o Departamento DST/AIDS/Hepatites se movimentou emitindo rapidamente a Nota Técnica com a assinatura de seu Diretor, Dr. Dirceu Greco e do Secretario de Vigilância em Saúde, Dr. Jarbas Barbosa.

É sempre assim, se o assunto é AIDS a resposta é imediata, já se o assunto e referente as hepatites nada é feito, pois as hepatites B e C são as primas pobres dentro do Departamento DST/AIDS/Hepatites. Ninguem pensa nas hepatites dentro do Departamento.

Nos últimos quatro anos, desde que as hepatites foram incorporadas no Departamento DST/AIDS o número de tratamentos na hepatite C permanece praticamente o mesmo, entre 11.500 e 12.000 a cada ano, sem aumentar o acesso. Esses números mostram de forma enfatica e sem desculpas que nada está sendo feito pelas hepatites, pois em quatro anos já deveriam mostrar algum resultado positivo.

Fica assim meu protesto e repudio pela forma como os gestores do ministério da saúde tratam os infectados com hepatites.

Para ler a Nota Técnica e ficar devidamente indignado com toda razão aceda 

sábado, 4 de maio de 2013


Um assassino silencioso
Saiba por que clicando aqui
06/05/2013 


Explicando o que é a doença hepática gordurosa e a esteato-hepatite não alcoólica


O que é a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA)? 

DHGNA é o termo usado para descrever acumulação de gordura nas células do fígado em pessoas que não bebem álcool em excesso. É a conhecida doença hepática gordurosa não alcoólica. 

DHGNA é a doença hepática persistente mais comum nos países ocidentais, com uma prevalência estimada de 20%. A presença de doença hepática gordurosa não alcoólica acarreta um risco aumentado de morte relacionada à doença cardiovascular e doença hepática. 

Quais são os fatores de risco? 

DHGNA é mais comum em homens do que em mulheres. As pessoas com maior risco de doença hepática gordurosa não alcoólica são aqueles que: 

-São obesos

-Apresentam resistência à insulina, associada com diabetes

-Apresentam hipertensão (pressão arterial elevada)

-Apresentam hiperlipidemia (excesso de colesterol e triglicérides no sangue)

-Fazem uso de certos medicamentos prescritos para outras condições, tais como distúrbios do ritmo cardíaco ou câncer

-Passaram fome apresentando desnutrição e precisaram ser alimentadas por via intravenosa.

A crescente epidemia de obesidade que afeta muitas populações ocidentais está levando a um aumento nos casos de esteatose hepática. 

Quais são os sintomas da esteatose hepática? 

Os pacientes geralmente não apresentam quaisquer sintomas quando eles são afetados com DHGNA. Às vezes, os pacientes podem sentir fadiga, mal-estar geral, e desconforto abdominal. Mais comumente, esteatose hepática é diagnosticada depois dos resultados de função hepática anormais durante exames de sangue de rotina. 

Qual é a esteato-hepatite não-alcoólica (NASH)? 

NASH é uma forma mais avançada da doença hepática gordurosa não alcoólica e sua incidência e prevalência está aumentando no mundo todo. Na maioria dos casos, a esteatose hepática não causa nenhum dano, mas para alguns, a presença a longo prazo de gordura no fígado leva à inflamação. Esta é caracterizada por inchaço do fígado, deixando o fígado amolecido.

Estima-se que NASH está presente em 3% da população do mundo ocidental. 

Inflamação de longo prazo leva à formação de fibrose, e pode resultar em progressão para a cirrose. 

NASH deve ser distinguida de uma doença aguda do fígado gorduroso, que pode ocorrer durante a gravidez, ou por efeito de alguns medicamentos ou toxinas. Esta condição é muito rara e pode levar rapidamente a insuficiência hepática. 

Quais são os sintomas da NASH? 

Os pacientes geralmente só começam a apresentar sintomas quando a doença está mais avançada ou já chegou a cirrose. Os sintomas podem então incluir fadiga, perda de peso, e fraqueza muscular. A progressão do NASH pode levar anos ou mesmo décadas. 

Como a doença hepática gordurosa não alcoólica e o NASH são diagnosticadas? 

Doença hepática gordurosa não alcoólica e NASH podem ser diagnosticadas por meio de: 

-Testes de sangue para detectar a resistência à insulina

-Elevados níveis de a transaminase ALT

-Sinais de gordura no fígado detectados pela ultra-sonografia

Existe tratamento? 

Não existe um tratamento específico estabelecido para NASH. O tratamento consiste em modificações do estilo de vida, incluindo uma dieta saudável e aumento do exercício físico. 

Qual é o prognóstico a longo prazo? 

Entre 10% e 30% dos pacientes com NASH desenvolverão cirrose, como consequência de anos de evolução da doença sem ser detectada. 

Carlos Varaldo
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hepato@hepato.com 


quinta-feira, 2 de maio de 2013


02/05/2013


Exames de imagem podem substituir a biópsia


Diversas apresentações orais realizadas no EASL 2013 falam sobre métodos por imagem para avaliar o dano hepático. Embora a biópsia continue sendo o padrão ouro para o diagnóstico de fibrose, exames de imagem a cada vez mais parecem ser um caminho viável para reunir informações equivalentes com menos desconforto ao paciente e risco.

Durante o congresso foram apresentadas diversas técnicas, entre elas a elastografia transitória (Fibroscan), elastografia por ressonância magnética, elastografia em tempo real e elastografia por impulso de força de radiação, e segundo as apresentações todas elas parecem ser tão precisas quanto à biópsia hepática na avaliação quantitativa de fibrose e para a previsão de resultados prognósticos, tais como a morte e a descompensação da cirrose.

O Fibroscan já esta aprovado em muitos países, as outras técnicas ainda precisam passar por ensaios que avaliem sua precisão. Praticamente todas as técnicas trabalham com a propagação de ondas, tal qual um sonar e a resposta recebida consegue avaliar o grau de rigidez do fígado.

Um dos estudos realizados na Espanha com 297 co-infectados HIV/HCV durante os anos de 2005 e 2011 comprovou que os resultados do Fibroscan correspondiam aos resultados das biopsias realizadas para comparação, em especial nos casos de cirrose com resultados do Fibroscan superiores a 21 kPa, quando a semelhança no resultado foi de 100%.

Os pesquisadores explicaram na apresentação oral que cada aumento de 5 kPa de rigidez do fígado calculado pelo Fibroscan representa aproximadamente um aumento de 1 grau na fibrose encontrada pela biopsia.

Em estudo realizado na França com 267 pacientes entre os anos de 2009 e 2013 comparando o Fibroscan com a elastografia por impulso da força de radiação acústica mostra que os dados obtidos por esta última é menos preciso, mas se mostra superior nos pacientes obesos, quando o Fibroscan não consegue obter um resultado preciso.

A elastografia por ressonância magnética para analisar a rigidez do fígado é uma abordagem ainda mais recente, podendo ser usada para gerar vibrações que se propagam através do fígado. Em estudo espanhol com 63 pacientes confirmou a doença hepática gordurosa não alcoólica, incluindo 32 com esteato-hepatite não alcoólica (NASH) e 25 com fibrose significativa.

Para o diagnóstico de NASH a elastografia por ressonância magnética mostrou sensibilidade de 77% e especificidade de 90%. Os valores preditivos positivos e negativos foram de 89% e 79%, respectivamente.

O método possui algumas vantagens potenciais sobre os métodos baseados no ultra-som porque produz imagens de alta resolução do fígado, fornecendo um quadro mais completo da doença hepática e também pode revelar outros tipos de lesão hepática. Gordura corporal dos pacientes também não é um problema para a qualidade de imagem, como o é para a elastografia transitória (Fibroscan).

MEU COMENTÁRIO

Não falta muito caminho a percorrer para que as necessidades de biopsias sejam mínimas, acredito que aproximadamente 90% das biopsias serão substituídas por exames de imagem.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
PERFORMANCE OF LIVER STIFFNESS COMPARED WITH LIVER BIOPSY TO PREDICT SURVIVAL AND DECOMPENSATIONS OF CIRRHOSIS AMONG HIV/HCV-COINFECTED PATIENTS - J. Macias, A. Camacho, M.A. von Wichmann, L.F. Lopez-Cortes, E. Ortega, C. Tural, M.J. Ros, D. Merino, F. Tellez, M. Marquez, J.A. Pineda - EASL 2013 - Oral presentation 20.
FIRST INTENTION-TO-DIAGNOSE COMPARISON OF ARFI AND FIBROSCAN IN CHRONIC LIVER DISEASES - D. Bardou, J. Boursier, V. Cartier, J. Lebigot, S. Michalak, F. Oberti, I. Fouchard-Hubert, M.-C. Rousselet, C. Aube, P. Cales. - EASL 2013 - Oral presentation 15.
PERFORMANCE OF ELASTPQ® SHEAR WAVE ELASTOGRAPHY TECHNIQUE FOR ASSESSING FIBROSIS IN CHRONIC VIRAL HEPATITIS - G. Ferraioli, C. Tinelli, R. Lissandrin, M. Zicchetti, B. Dal Bello, C. Filice. - EASL 2013 - Oral presentation 16. 


Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 

quarta-feira, 1 de maio de 2013


Tratamento

Novos remédios poderão curar a hepatite C em 2015

Resultados de testes clínicos apontam que, em poucos anos, o vírus da hepatite C poderá ser eliminado em quase todos os infectados

Vivian Carrer Elias
vírus da Hepatite
Brasil tem mais de 1,5 milhão de infectados com o vírus da hepatite (Thinkstock)
"Há um número muito grande de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C. São mais de 170 milhões de indivíduos no mundo e cerca de 1,5 milhão no Brasil. A infecção pode evoluir para doenças graves, como o câncer de fígado." Maria Lúcia Ferraz, vice-presidente da SBH
Nesta semana, a comunidade médica teve acesso aos resultados de testes clínicos envolvendo uma série de medicamentos novos para tratar a hepatite C. Embora as conclusões não façam parte da fase final das pesquisas, já que as drogas ainda precisam ser testadas mais vezes, especialistas acreditam que já é viável pensar em uma possível cura para a doença. Os dados animadores foram divulgados durante o The Liver Meeting (A reunião do fígado, em tradução literal), encontro anual da Associação Americana para Estudo das Doenças do Fígado, que terminou na última terça-feira em Boston, Estados Unidos. “Estimamos que, em 2015, quase 100% dos pacientes poderão ser curados”, disse ao site de VEJA a gastroenterologista Maria Lúcia Ferraz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e uma das médicas brasileiras presentes ao evento.
O desenvolvimento de novos remédios para tratar a hepatite C está em constante avanço. Os pacientes com a doença costumavam ser tratados com o interferon, um quimioterápico que estimula o sistema imunológico, associado ao antiviral ribavirina. O tratamento conseguia curar de 40% a 45% dos doentes e precisava ser seguido por um período que variava de 48 a 72 semanas. Em julho deste ano, o Ministério da Saúde anunciou que o Sistema Único de Saúde (SUS) passaria a oferecer dois novos remédios para a hepatite C: o boceprevir e o telaprevir, inibidores de protease que impedem a replicação do vírus e impossibilitam o progresso da doença. Associado ao interferon e à ribavirina, a taxa de cura da terapia subiu para 75%, com uma duração de até 48 semanas.
Segundo Maria Lúcia Ferraz, foram apresentados durante o encontro estudos feitos com cerca de dez novas drogas contra a hepatite C, que agem de maneiras diferentes sobre o vírus — entre elas, o sofosbuvir, da farmacêutica Gilead. A composição desses medicamentos, de acordo com a médica, curou de 90% a 100% dos pacientes com um tratamento seguido por até 24 semanas e com efeitos adversos menores do que os da terapia convencional. “Embora os resultados não sejam definitivos, as conclusões devem ser confirmadas nos próximos testes”, diz Maria Lúcia.
Quais as conclusões que a senhora tirou após participar do The Liver Meeting 2012?Nesse congresso, os pesquisadores mostraram estudos com novas drogas para tratar a hepatite C. Esses medicamentos atuam sobre o vírus por meio de vários mecanismos diferentes e, fazendo composições com essas drogas, os tratamentos tiveram respostas muito altas. Os resultados fazem parte de fases iniciais de estudos, e a maioria atingiu taxa de cura entre 90% e 100%. Mas acredito que esses números vão se repetir conforme as pesquisas avançarão. A mensagem do congresso é que a heptatite C vai ser muito bem equacionada nos próximos anos. Não é para já, mas acreditamos que, em 2015, quase 100% dos pacientes poderão ser curados.
Podemos esperar pela cura da hepatite C em 2015? Na verdade, a partir de 2015 vamos chegar muito mais perto da cura, pois os testes com a nova geração de medicamentos deverão ser finalizados. Lógico que há pacientes cujo tratamento é muito mais difícil, pois apresentam a doença em estágios muito avançados. Talvez não vamos conseguir curar esses pacientes, mas começamos a vislumbrar a possibilidade de ao menos controlar a hepatite C neles.
Se os testes finais desses medicamentos se confirmarem, qual será o avanço do tratamento da hepatite C? O boceprevir e o telaprevir, que são os inibidores de protease recentemente aprovados no Brasil para tratamento de hepatite C, curam até 75% dos pacientes e o tratamento dura, em geral, um ano. As novas gerações de remédios para a doença podem curar entre 90% e 100% dos indivíduos infectados, sendo tomadas por no máximo seis meses. Além disso, os efeitos adversos, embora não sumam completamente, têm se mostrado muito menores. Ou seja, eles abrem portas para um tratamento cada vez mais curto, eficaz e seguro para o problema. 
Qual é a importância do surgimento de novos remédios para essa doença?Primeiramente, há um número muito grande de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C. São mais de 170 milhões de indivíduos no mundo e cerca de 1,5 milhão no Brasil. Além disso, a infecção pode evoluir para doenças graves, como o câncer de fígado. Então, encontrar medicamentos novos para uma doença comum e tão grave é essencial.


Em dez anos, hepatite C terá cura total. E sem efeitos colaterais

É inegável o avanço que os novos medicamentos de primeira geração trazem para os pacientes com hepatite C. Embora os resultados sejam positivos para a maioria dos pacientes, 25% ficam sem a cura e ainda podem produzir cepas resistentes às drogas inovadoras. Hugo Cheinquer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é otimista sobre a cura da hepatite para os próximos anos. Segundo ele, os congressos internacionais já apresentam resultados de estudos fase 1 e fase 2 com medicamentos mais modernos, de segunda geração.
"Em quatro anos, o paciente terá que tomar apenas um comprimido a mais por dia, sem a adição de efeitos colaterais, com taxas de cura para quase 90%. Além disso, o tratamento poderá ser encurtado em 80% a 90% das pessoas", diz. Com os novos medicamentos, as pessoas vão ter que tomar quase 20 comprimidos por dia.
Um pouco mais distante, em 2020, será possível fazer o tratamento entre três e seis meses, sem o uso do interferon e da ribavirina. "Nos próximos dez anos, o vírus C vai ter uma cura fantástica, ultrapassando os 90% e sem nenhum efeito colateral", afirma. Isso, é claro, se os estudos com um maior número de pacientes não apresentarem efeitos adversos como problemas cardíacos ou surgimento de neoplasias.
"Quando o momento da cura chegar, o nosso desafio será encontrar as pessoas em casa. No total, 75% das pessoas, mesmo a dos países desenvolvidos não sabem que têm a doença". A hepatite C não se manifesta de forma grave e a pessoa infectada não apresenta sintomas durante muitos anos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia, dois milhões de brasileiros têm a doença, responsável por mais de 70% das mortes entre todos os tipos de hepatites ocorridas na última década no Brasil.